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Mission: Impossible  PERÍODO NORTE-AMERICANO
Exibido pela CBS Broadcasting, Inc., nos Estados Unidos, entre setembro de 1966 e março de 1973

SOBRE A SÉRIE

Um homem elegante entra em uma loja de antiguidades – ou um cinema antigo, ou uma cabine telefônica – e discretamente recebe uma fita, que se autodestrói após a descrição dos detalhes: sua missão secreta, caso a aceite, será negada pelo governo em qualquer circunstância. A série de TV Mission: Impossible mostrava um agente reunindo um time de especialistas em diferentes áreas, para tarefas geralmente em locais distantes e exóticos, em plena Guerra Fria, sempre lançando mão de estratégias complexas, invasões e disfarces. Com sua premissa criativa, Mission: Impossible se tornou um marco na época, tão famosa que ganhou revival na TV nos anos 1980 – e, mais recentemente, uma série de filmes de sucesso com Tom Cruise. Tão famoso quanto a série, o tema principal, em cinco por quatro, se tornou um sucesso global, imediatamente reconhecível.

CRÉDITOS REDUZIDOS

Direção: Paul Krasny, John Llewellyn Moxey, Reza Badiyi, Barry Crane, etc.
Produção: Bruce Geller, Bruce Lansbury e Barry Crane
Roteiro: Bruce Geller, Arthur Weiss, Jackson Gillis, Marc Norman, etc.

Editor musical: Dan Carlin
Supervisor musical: Kenyon Hopkins e Leith Stevens
Música: Benny Golson, Harry Geller, Robert Prince, Robert Drasnin, etc.
Música tema: Lalo Schifin


DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA TRILHA

"[...] eu morava numa rua perto do estúdio da Paramount, acho. E aí me apontaram para eu fazer umas pontas lá com a equipe de Lalo Schifrin. Eu trabalhei como compositor fantasma, não aparecia meu nome lá, era a época da série do "Missão: Impossível". E eu nunca nem vi o Lalo Schifrin, só através de foto" [Moacir Santos em entrevista concedida a Ronaldo Evangelista, 2005].

O próprio Moacir Santos chegou a confirmar, em algumas entrevistas, seu envolvimento com o trabalho de ghostwriter/orquestrador de compositores mais renomados. Essa atividade, de compor e orquestrar sem receber nenhum crédito por isso, é muito comum na indústria de música para cinema desde os anos 1930. Isso se deve por vários motivos, mas especialmente pela grande demanda de trabalho, pois os profissionais precisam lidar com a composição de diferentes produções audiovisuais simultaneamente e ainda gerenciar a parte não-musical do trabalho, considerando grandes produções com orçamentos enormes e muitas cláusulas contratuais.

É digno de nota que a maior parte dos ghostwriters são músicos no início de suas carreiras, ou seja, compositores que estão começando a vida profissional e acabam aceitando trabalhos em condições precárias. Sendo assim, é possível relacionar isso ao contexto dos primeiros anos de Moacir nos Estados Unidos, quando ele estava ainda se estabelecendo no mercado norte-americano.

É sabido que Moacir Santos trabalhou como ghostwriter na equipe do compositor argentino Lalo Schifrin em 1970, portanto, pode-se crer que sua participação tenha ocorrido na quinta temporada da série Mission: Impossible.

O tema principal de Mission: Impossible é creditado à Schifrin e foi usado em todas as cinco temporadas da primeira versão do seriado [1966-1973]. Além de também aparecer, rearranjado por outros compositores, em todo o resto da franquia [na série dos anos 1980 e nos cinco filmes lançados entre 1996 e 2015]. O motivo inicial ficou muito famoso, principalmente por sua rítmica peculiar, composta na fórmula de compasso de cinco por quatro.

Existe certa especulação informal sobre a composição desse tema, pois muitos músicos afirmam que ele poderia ter sido composto por Santos, apesar do fato ter sido negado pelo próprio compositor em entrevistas. Essa especulação encontra fundamento especialmente na escrita rítmica, pois o padrão evoca claramente a estrutura do Mojo, padrão rítmico criado por Moacir e utilizado largamente em suas composições.

Em geral, a música do seriado tem características bastante marcantes em todos os episódios, de forma a demarcar uma sonoridade recorrente. Por exemplo, a faixa sonora é sempre muito cheia, ouve-se música na maior parte do tempo e em diversos momentos a trilha musical atua paralelizando a ação fílmica pontuando ritmicamente as cenas, procedimento próximo ao mickeymousing. A reiteração dos mesmos motivos, com variação apenas no arranjo, é uma marca da música de Mission: Impossible, o que confere grande unidade ao conceito geral da obra. Os instrumentos mais usados nas orquestrações são: sopros [valorizando metais e flautas], cordas, piano e percussão. A sonoridade resultante uma intersecção entre o jazz com o estilo orquestral vigente na música de cinema tradicional. Dependendo do episódio, a música também era usada para caracterizar geográfica e socialmente a ação. Especialmente utilizando idiomatismos culturais, como por exemplo a apropriação de instrumentos típicos ou até mesmo estruturas e clichés composicionais.

Para manter as características musicais mencionadas acima e ainda cumprir com os prazos de lançamento, levando em conta que eram produzidos quase trinta episódios por ano, a trilha musical da série precisava de um alto nível de industrialização. Isso foi feito com a atribuição de um compositor principal por episódio, que coordenava a equipe. Um número relativamente grande de compositores cumpriram essa função, não somente Lalo Schifrin, como se pensa. Dessa forma, o processo fluía produtivamente, alinhado com as principais práticas de música para cinema e televisão do período.

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