depoimentos
> Dissertação na Biblioteca Digital da UNICAMP
> Pesquisa de Mestrado na BV-FAPESP
PRESS RELEASE
> Matéria no Jornal da USP [11/03/2020]
> Matéria do CPF - Centro de Pesquisa e Formação
do SESC - SP [20/03/2019]
> Matéria na Revista Continente [05/08/2016]
> Divulgação de atividade no CPF - Centro de Pesquisa
e Formação do SESC - SP [14/06/2016]
> Artigo no blog Sounding Board, da Revista de
Etnomusicologia da UCLA [21/11/15]
> Nota no Jornal da UNICAMP [21/09/2015]
> Nota no site da EMESP [09/09/2015]
> Matéria no Álbum Itaú Cultural [04/09/2015]
> Matéria no Jornal O GLOBO [12/08/2015]
> Matéria no Portal da UNICAMP [04/08/2015]
> Matéria no Blog do RUMOS Itaú Cultural [30/07/2015]
PRÓXIMOS PASSOS
O conteúdo presente nesse site pode ser considerado como um primeiro passo na pesquisa de parte da carreira de Moacir Santos, advinda da dissertação de mestrado "A trilha musical como gênese do processo criativo na obra de Moacir Santos", que tem um recorte temporal específico nos primeiros anos da década de 1960, o período brasileiro de sua produção de trilhas.
Em 2018 foi concluída uma pesquisa de doutorado que foca na produção das trilhas de Moacir ao longo das primeiras décadas em que o compositor fixou residência nos EUA, aproximadamente de 1967 a 1985. Por essa época, Santos passou a ser um requisitado compositor das indústrias de cinema e televisão norte-americanas, tendo participado da produção de importantes filmes e seriados do período. Como parte integrante da pesquisa de doutorado, foi realizada uma extensa pesquisa de campo na Califórnia entre 2015 e 2016, sediada na University of California at Los Angeles [UCLA]. O principal foco do período no exterior foi a realização de uma série de entrevistas com profissionais que trabalharam com Santos contemporaneamente. Também foram realizadas consultas a diversos acervos, com especial atenção ao acervo pessoal da família Santos, que vive na Califórnia e guarda partituras, cadernos de anotações, livros, discos e outros materiais de grande relevância. Esperamos que o material levantado possa ser agregado ao presente projeto em breve, de forma a disponibilizar um conteúdo cada vez mais completo e atualizado para consulta pública. Enquanto isso, é possível acessar a tese de doutorado nesse link.
EDSON NATALE
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti no dia 19 de maio de 2015 no Itaú Cultural [São Paulo, SP - Brasil].
Primeiro, eu fiquei muito feliz quando o projeto foi selecionado. Todo mundo compreendeu, não só evidentemente a importância do Moacir Santos para música brasileira, como essa coisa específica desse trabalho para cinema. E qualquer coisa que se faça em torno da obra do Moacir, para quem é músico no Brasil, eu acho de uma importância abissal. Não sei se pode ser usado esse termo para isso, mas é realmente algo bastante importante. O Moacir foi um músico fundamental para o Brasil, tem uma obra que ainda está sendo desvendada na verdade, acho que esse projeto é prova disso.
Eu sempre admirei muito a obra do Moacir e sempre tive muita curiosidade para saber como é que ele surgiu, de uma certa maneira, uma pessoa com tanta potência. E eu não o conheci pessoalmente, infelizmente, mas quem o conheceu fala com uma paixão não só sobre a obra, mas sobre a pessoa. Recentemente eu li um livro que a Andrea Ernest Dias lançou, a biografia do Moacir, e o livro é maravilhoso porque até amplia a admiração que eu tinha por ele. A história dele, vindo ali do sertão de Pernambuco e como é que as coisas se deram, é uma história [...] no fundo é um filme. E uma pessoa de tanta doçura, tanta potência, tanta bondade de ter compartilhado os seus conhecimentos com tanta gente. Tanta gente estudou com o Moacir [...] eu gostaria de ter sido um aprendiz dele. E hoje eu acho que eu, tento pelo menos, captar o que ele nos deixou e fico bastante instigado, por exemplo com o projeto do qual a gente está falando agora.
Para gente aqui do Itaú Cultural, dentro desse novo formato do Rumos, que a gente trabalhou intensamente para que fossemos provocados pela criatividade das pessoas. A gente percorreu o Brasil inteiro, um pouco falando sobre isso na época das inscrições. Que nós gostaríamos que as pessoas tirassem aquelas ideias mais sensíveis, mais caras [...] das suas gavetas, das suas cabeças, de uma certa maneira, e se inscrevessem. Não tinha nenhum tipo de restrição aos projetos. Nós recebemos mais de quinze mil inscrições do Brasil inteiro e de outros países também. Esse projeto, que mergulha sobre a obra do Moacir, foi um dos cem selecionados. Cerca de uma centena de selecionados entre quinze mil e poucos inscritos. Então, também, eu acho que esse processo de seleção, que foi bastante intenso, como você pode imaginar [...] ele foi [...] esse projeto a respeito da obra cinematográfica, de música para cinema, do Moacir,
ele foi cativando todo mundo, pela importância, evidentemente como eu já falei do Moacir. Que todo mundo, mesmo os que não conhecem com profundidade ou os que não são músicos, sabem da importância desse homem, desse músico, desse brasileiro tão potente. E sobre essa especificidade mesmo desse estudo. Então eu acho que também nesse processo de seleção, de quinze mil e poucos para cerca de uma centena, a gente também consegue compreender, para instituição, para o Rumos, qual a dimensão que esse projeto tem para a gente.
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ANTÔNIO PITANGA
Depoimento transcrito de debate realizado no evento Retrospectiva Cinema Novo no dia 30 de maio de 2015 na Cinemateca Brasileira [São Paulo, SP - Brasil].
O Cacá Diegues é o mais negro dos cineastas a contar a história [...] com uma dignidade fantástica, com uma sensibilidade fantástica. Não é por acaso que ele me chama para ser rei, é a primeira vez que se faz no Brasil [...] que sai do olhar da escravidão e entra em um espaço, que é o cinema, para contar uma história real, importante desse país, que foi a história dos quilombos. [...] Para mim, eu falo "Cacá, você é o próprio Ganga Zumba". Palmares [...], a gente sabe que não está escrito nos livros, porque os livros são escritos pelo colonizador, então a gente conhece muito pouco a história, a gente começa a reescrever a história desde o CPC [Centro Popular de Cultura].
E o Cacá tem essa generosidade, essa visão, esse amor por esse país [...] e o Moacir Santos é um gênio.Então, quem vai fazer a música de Ganga Zumba? Moacir Santos! Eu não conhecia o Moacir Santos, Moacir Santos não era do movimento da Bossa Nova, e o Cacá traz [...]. E magistralmente ele faz uma das músicas mais belas de todos os filmes, de todo o cinema que eu já fiz! Uma trilha: [entoa melodia de "Nanã"], cantada pela Nara Leão, que naquela época era esposa do Cacá. E o Cacá não abandona mais Moacir. Moacir que sente a necessidade de ter um voo mais alto, e vai morar nos Estados Unidos. Mas o aproveitamento e a oportunidade que nós temos de conhecer o Moacir através da música, da sua trilha, dos seus projetos, a gente já tinha através do próprio Solano Trindade, que também pouco se fala.
Poeta, que foi Solano Trindade. A gente tinha essa aproximação, mas sem ter, diferente de como a gente tinha com o Solano Trindade, essa oportunidade muito mais próxima de conviver, e a gente conviveu, a partir do Ganga Zumba com Moacir Santos. [...] Ele foi, com certeza, na questão da trilha, na questão da própria música, depois de Villa-Lobos, ali igual com Pixinguinha: ele foi um gênio, ele foi um gênio! Então a gente ganhou muito [...]. É uma pena que a gente conheça muito pouco, ainda hoje, sobre quem foi, quem é [...] e quem deixou essa grande fortuna, essa grande riqueza da música.
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MARIO ADNET
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti por Skype no dia 25 de junho de 2015 [Rio de Janeiro, RJ - Brasil].
[...] o meu primeiro contato com a obra dele foi a partir de um disco que eu ganhei quando eu era garoto ainda. Eu comecei a tocar violão com nove anos de idade, isso foi em 1966. Logo eu fiquei interessado no Baden [Powell], por causa do violão, e tudo mais. É engraçado que muita gente eu aprendi via Baden, a música do Tom [Jobim] foi via Baden, e a música do Moacir também. Me caiu nas mãos aquele disco da Elenco chamado Baden Powell swings with Jimmy Pratt. Esse disco é uma referência, foi o primeiro disco que tem música do Moacir gravada, ele gravou "Coisa nº 1" e "Coisa nº 2" com arranjos do Moacir, e é engraçado porque essas duas músicas destoam muito do resto do disco, é muito diferente.
Pois bem, Moacir ficou aí, guardado. Quando foi mil novecentos e noventa e muito... Zé Nogueira já falava muito do Moacir, mas veio parar na minha mão um CD, uma cópia de várias coisas do Moacir, que andou correndo por aí, por trás, pelos músicos e eu fiquei maluco quando eu ouvi o April Child. Aí eu já estava batendo bola com o Zé Nogueira, o Zé me falava muito do Moacir, e ele já tinha tido uma história com ele. [Na época] eu já estava fazendo projetos e usando Lei Rouanet, [...] eu falei: "isso aí me interessa muito, vamos conversar"! E aí a gente se juntou, e bolamos esse projeto que foi o Ouro Negro. Aí o primeiro contato que eu tive com o Moacir foi por telefone. Nós tivemos que "tirar" as Coisas de ouvido. Foi em 2000 que [o projeto] foi aprovado pela Petrobrás, e a gente começou a gravar no início de 2001, e antes disso eu precisava ter acesso ao Moacir porque a gente estava "tirando" de ouvido, a gente dividiu [o trabalho]
[A gente estava] tentando entender as somas que os arranjos tinham, de trombone com sax tenor, às vezes sax alto com trompa [...]. Então isso foi uma loucura, foram alguns meses, uns três meses intensos de audição. O Zé Nogueira tinha a fita [original] do Coisas, que ele copiou. Porque quando o Roberto Quartin, que era dono do selo Forma, por onde saiu o disco Coisas, vendeu o selo dele para a Phillips, na época, entre 1969, 1970, ele entregou para a Phillips, por ingenuidade, tudo o que ele tinha no selo. Ele entregou um caixote para a Phillips, e dentro desse caixote, além dos arranjos originais das Coisas, a fita [...], e de todos os outros, tinha Baden, tinha Luiz Eça, tinha um monte de coisa, e ele entregou tudo que era papel junto dos fonogramas. Aí o que acontece com o Brasil, que não tem memória? Agora graças a nós todos, vai ter, se Deus quiser. Os caras jogaram fora, e guardaram só os fonogramas.
Tem coisa lá que a gente nem sabe, nesses arquivos. Eu não sei nem onde [estão]. Bom, a gente tinha a fita original, e era difícil entender as somas, as vezes as surdinas, mas a gente conseguiu. Eu te digo que foi um trabalho que, para mim, mudou a minha vida. Eu aprendi demais ouvindo e escrevendo, porque a gente teve que escrever os baixos, a gente teve que escrever a bateria, e isso mudou a minha maneira de olhar a música. Eu convivi seis anos com o Moacir, era quase uma coisa de pai e filho, com briga, com rusga, com tudo que tem de bom em uma relação de pai e filho. E é gozado que com ele mesmo, a gente não tinha conversas de música propriamente. Era muito mais filosofia, teologia [...]. Nessa altura do campeonato o Moacir já tinha tido um derrame em 1995 e por mais bem tratado que fosse ele tinha uma sequela, uma afasia de raciocínio até chegar na voz.
Aí eu tinha contatos telefônicos com ele para resolver, por exemplo, o problema da "Coisa nº 3" que era uma loucura. Para entender o que acontecia na "Coisa nº 3" eu gastei uns bons telefonemas para Los Angeles. E ele me tratava como aluno, ele: "Mario, ritmo 3"! Como se eu soubesse, como se eu tivesse a apostila "Ritmos MS" dele. Então a gente "tirou" muito bem sucedidamente os arranjos das Coisas.
Aí a gente fez os songbooks, que foi uma coisa que eu trabalhei ainda mais nessas partituras, evidentemente que deve ter defeitos. Eu já reparei um monte de falhas que eu teria que corrigir em uma nova edição, mas eu acho que valeu ter feito para o pessoal tocar! Teve gente que gravou nos Estados Unidos usando só esse songbook, a própria banda do Jazz at Lincoln Center usou esse trabalho para rearranjar o material.
Nessa época que a gente fez os livros, fechamos um contrato ainda para fazer outro CD [Choros & Alegria], aproveitando o ensejo, e conseguimos ainda uma parceria com o Canal Brasil, em conjunto com o João Mário Linhares da MP,B para fazer o DVD. A ocasião do Choros & Alegria foi muito bacana porque ele vinha aqui para casa todo dia, [...] a gente botava ele sentado aqui na mesa da sala e ele lembrava de um choro da década de 1940 e escrevia, devagarinho, levava horas escrevendo melodia, cifra e o baixo, às vezes. Aí eu pegava aquilo e passava para o Finale, e no dia seguinte ele vinha de novo. E isso [...] [a gente] parava para conversar, para tomar lanche, para filosofar, para olhar o que que eu estava fazendo, discutir uma harmonia ou outra, e isso foi muito bacana, foi genial! Eu comecei a gravar o Jobim Jazz no dia que o Moacir morreu, mas eu fiquei sem saber que ele tinha morrido até o fim do dia.
Foi um negócio engraçado, por que eu entrei no estúdio com o pessoal da base, Jorge Helder, Marcos Nimrichter e o Rafael Barata. A gente fez com uma facilidade aquelas bases, sem ensaiar, sem nada, e eu falava "meu Deus, não é possível"! Fizemos sete bases naquele dia. Eu parava toda hora, "tem alguém ajudando a gente, está bom demais isso aqui. Está bom demais, um entrosamento, uma coisa incrível". Aí quando chegou no fim do dia, minha mulher estava lá e já sabia, porque o Moacir [Jr.] mandou um e-mail para ela. Aí foi aquela coisa emocionante, eu falando o tempo todo que tinha alguém ajudando a gente ali e aí a gente sabe da morte dele no fim da sessão, foi aquela coisa triste.
[Sobre as transcrições] eu acho que a gente tem que fazer isso! Porque o Moacir é um cara que tem que estar no panteão dos grandes, tem que estar ao lado do Tom Jobim, do Ari Barroso, do Dorival Caymmi.
Esse é um trabalho que eu me propus a fazer para sempre porque a gente precisa dessa memória, a gente precisa ter isso, e é muito bom que sejam jovens que estejam fazendo. Para ele tudo era sagrado, mexer com isso era sagrado, ele tratava como uma coisa sacra, e isso impregnou na gente. Nos sensíveis impregnou, e músico bom geralmente é sensível.
Bacana, estamos aí e boa sorte para o trabalho!
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CARLOS ALBERTO OLIVA - "POLLACO"
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti no dia 16 de abril de 2015 no Conservatório Souza Lima [São Paulo, SP - Brasil].
Eu tive aula com o Moacir Santos do início de 1986, até outubro, setembro de 1987, um ano e pouco. Esse período foi extremamente importante para minha formação como músico e também como ser humano. Porque eu já tinha uma coisa muito forte do Koellreuter, quando eu estudei com ele no Brasil, de formação, de seriedade de estudo, de dedicação, de [...] enfim, o Koellreuter já tinha essa linha, só que era de uma maneira europeia. Agora o Moacir, como foi, na esteira [...] ele foi aluno do Koellreuter e também tinha toda essa coisa da compenetração e da dedicação à música, só que brasileiro, e
com a nossa cultura, com a nossa língua. E isso veio a, digamos, sedimentar e colocar mais características positivas na minha formação como músico. As aulas que eu tive com o Moacir foram, digamos, complementares de uma forma técnica com as que foram com o Koellreuter. E ele tinha uma coisa de orientação pessoal e espiritual muito forte, quer dizer, ele era um cara convicto. Para tudo há jeito, para tudo há solução, para tudo há criatividade, é presença de espírito, é paciência. Todas essas qualidades humanas, de altíssimo nível, ele transmitia isso com uma facilidade. E as aulas dele eram meio que como parábolas, ele tinha uma história, ele adorava falar. Às vezes você chegava na aula e ele tocava um dó, "Carlos, o que você ouve depois disso"? Eu falei, "você falar"! E aí ele falava um monte, contava uma história, dessas histórias todas que ele tem. Isso eu acho, para minha formação, pessoal e profissional, musical, não tem preço... eu me sinto
abençoado. Eu acho extremamente importante essa corrente que vem vindo desde a década de 1990, sobre o estudo da obra do Moacir. E quantas pessoas, quantos estudantes, acadêmicos e práticos, vem perpetuando a obra do Moacir. Permita-me uma comparação, como foi feito nos anos 1980 e 1990 com a obra do Tom Jobim, espalhou a Bossa Nova pelo mundo. Eu acho que agora ele vem sendo cada vez mais descoberto, quer dizer, ampliando os horizontes de músicos e público em geral que venham a conhecer o trabalho dele. Então eu acho que qualquer projeto no sentido de registrar as partituras, reavivar... relançamento de filmes, relançamento de CDs. Enfim, qualquer coisa que possa aumentar essa procura, ou essa facilidade de procura pela obra do Moacir Santos é de extrema importância para a cultura brasileira, sem sombra de dúvida.
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ANDREA ERNEST DIAS
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti no dia 3 de junho de 2015 no Hotel Century Paulista [São Paulo, SP - Brasil].
Eu conheci o Moacir Santos em 2001, por ocasião da gravação do projeto Ouro Negro, do qual eu tive a honra de participar. Na sequência o CD Choros & Alegria e depois o DVD Ouro Negro. Esse processo todo durou cinco anos, entre 2001 e 2006, que foi quando a gente tocou [...] e eu entrei dentro da música do Moacir mesmo, efetivamente [...] fazendo música, descobrindo aqueles sons, percebendo a grandeza dessa música. Nesses cinco anos a gente teve um contato bastante próximo, porque ele veio ao Brasil para poder participar dessas gravações e desses eventos em torno da obra dele.
Ele se tornou então muito premiado e nesse momento muito conhecido, pelo menos entre nós, os músicos. Então a importância desse projeto Ouro Negro foi fundamental para toda a classe musical e eu me incluo nessa, porque a partir daí eu comecei a me envolver com o assunto Moacir Santos, com a pessoa do Moacir Santos e com o compositor Moacir Santos. Me levando então a um estudo mais profundo durante um doutorado na Universidade Federal da Bahia que eu cheguei a concluir em 2010. Esse doutorado me levou até a Califórnia, onde eu pude ter contato com material de composição, material de estudo do Moacir mais de perto. Um acesso muito bom, franqueado pela família do Moacir Santos: o Moacir Santos Jr. e a Cleonice Santos, a quem eu agradeço muito essa oportunidade.
Esse estudo acabou desembocando em um livro que eu publiquei sobre Moacir, que chama Moacir Santos ou os caminhos de um músico brasileiro, que é uma adaptação da tese. A partir daí muitas coisas foram acontecendo e muitas pessoas foram mostrando interesse na obra do Moacir, a partir dessa década, digamos assim, de atuação em torno da obra dele. Entre elas, entre essas coisas todas, existe esse projeto que é de extrema importância sobre as trilhas sonoras do Moacir, enfocando essa vertente do Moacir Santos como compositor de trilhas sonoras para o cinema, especialmente para o Cinema Novo nos anos 1960, antes mesmo dele partir para os Estados Unidos em 1967. Um momento de muita produção do Moacir, ele tinha uma caneta muito afiada para trilhas sonoras, ele era um compositor de trilha inserido no mercado de cinema.
E com sua bagagem, herdada dos grandes professores que ele teve, do contato que ele teve com os músicos da Rádio Nacional: Lyrio Panicali, Radamés Gnattali, entre outros. Pessoas também que compunham trilhas sonoras para cinema nos anos 1940, [...] e a pesquisa do Lucas trouxe essa faceta, como Moacir Santos gostava de dizer, trouxe luz para essa faceta do Moacir.
Esse projeto, que é agora financiado, premiado [...] não financiado, é um projeto premiado pelo Itaú Cultural e muito bem premiado, porque vai mostrar para todos nós o quão importante, mais importante ainda, é a obra do Moacir Santos.
Um Moacir Santos que se mostra sinfônico em muitas das trilhas, como a trilha de Seara Vermelha, que é uma [...] até agora para nós todos basicamente uma grande incógnita [...] como essa trilha ficou escondida durantes tantos anos e a gente não sabia que o Moacir Santos tinha essa capacidade sinfônica. Se sabe que ele tem essa atividade sinfônica na Rádio Nacional, por causa dos arranjos que ele fazia para a programação da Rádio Nacional. Mas trazer essa partitura e disponibilizar essa partitura, essas partituras das trilhas sonoras, só pode ser uma coisa muito maravilhosa que está acontecendo.
Eu faço votos de que esse projeto prossiga com toda a sua plenitude, trazendo muito mais informações para nós sobre o Moacir Santos e assim como projeto Ouro Negro, o meu livro, a gente está fazendo uma espécie de trilha sonora da vida do Moacir Santos, digamos assim, mostrando seu lado de compositor de choros, de seu lado de compositor de big bands e agora seu lado de compositor de trilhas sonoras. Então eu felicito todas as pessoas que mantém esse interesse vivo na obra do Moacir Santos, vamos nos juntando e fazendo assim um grande bloco para poder divulgar essa música.
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LUCAS ZANGIROLAMI BONETTI
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Marianna Kamiya Gouveia no dia 26 de julho de 2015 no SESC Pompéia [São Paulo, SP - Brasil].
Pensar a música do Moacir Santos é uma coisa impressionante, é algo arrebatador. E também pensar no caminho, na trajetória dele, o caminho profissional, o caminho pessoal que ele fez desde lá do sertão de Pernambuco, até o Rio de Janeiro, até os Estados Unidos, também é uma coisa super interessante.
Eu comecei a pesquisar a obra dele, me envolver com a obra dele em 2010, pesquisando mais sobre aspectos composicionais. E a partir de 2012 comecei uma pesquisa um pouco mais sistemática sobre a obra de trilhas musicais
dele, especialmente, no início, focando no período do cinema brasileiro, no início dos anos 1960. Agora mais recentemente a gente ampliou um pouco esse recorte para contemplar também o período norte-americano, que vai ali do final dos anos 1960 até meados dos anos 1980.É muito interessante também que esse projeto nasceu dessa pesquisa acadêmica, e com o apoio do Rumos agora, a gente conseguiu sair da universidade e levar para um público um pouco mais amplo, um pouco mais abrangente.O projeto basicamente consiste na publicação de uma série de partituras transcritas de alguns desses filmes que o Moacir trabalhou nos anos 1960 no cinema brasileiro, por enquanto.
E além disso, também contempla outros tipos de produções sobre essa obra, alguns textos, algumas análises dessas trilhas, textos sobre os filmes, diversas fotos, enfim, é um projeto que vai reunir todo esse material e disponibilizar para o público em geral que estiver interessado em saber como foi essa parte da obra dele. Também é interessante que a gente conseguiu, graças à boa vontade dos detentores dos direitos autorais dos filmes, disponibilizar uma série de trechos importantes dos filmes, que vão também trazer ao público [...] conhecer de novo esses filmes que infelizmente não foram reeditados, então eles são um pouco mais de difícil acesso, então isso também vai trazer um pouco mais para o público de hoje essas produções de cinquenta anos atrás que estavam relativamente esquecidas.
Esse projeto pode trazer novos frutos para novas produções, novas pesquisas, as pessoas podem ter acesso a esse material e desenvolver novos trabalhos, tanto de pesquisa quanto artísticos, outros músicos podem pegar essas partituras e fazer novos arranjos, novas composições baseadas nesse trabalho, e manter esse repertório vivo, manter esse repertório soando.
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PAULO TINÉ
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti no dia 27 de abril de 2015 no Instituto de Artes da UNICAMP [Campinas, SP - Brasil].
Era 1992, eu estava estudando ainda, eu era aluno lá da USP. E teve esse Projeto Arranjadores, e eu fui meio por acaso no dia do Moacir. E aí eu achei demais. Aí depois de um tempo passou na TV e eu gravei em um VHS.
Depois, no final do outro ano já, pintou a notícia de que ele iria a Campos do Jordão [Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão]. Na verdade, o que acontece de interessante de ter visto o Moacir em 1992 é que ninguém conhecia assim [...] a não ser quem era, talvez o Teco Cardoso, que foi aluno dele ou as pessoas da antiga.
Mas da minha geração ninguém sabia. Então isso foi muito legal, foi uma super descoberta! E aí passou esse tempo e eu fiquei sabendo que ia ser o Moacir em Campos do Jordão que ia dar aula de arranjo, e aí me inscrevi e consegui entrar. A turma tinha o [André] Mehmari, tinha o Sérgio Basbaum, tinha um pessoal do Rio de Janeiro também. E aí a gente fez lá, três semanas de aula todo dia, de manhã e à tarde com ele. E aí o interessante é que ele tem uma maneira muito pessoal de abordar, e logo a gente sentiu na turma que não era o caso de ter uma aula de arranjo tradicional que você vai aprender técnica. O material humano ali que era o barato, então o que aconteceu: ele foi trazendo as coisas dele e explicando como ele compôs, o contexto. Como se sabe, ele não tinha nada do Coisas, tanto que o Coisas é transcrição. O que ele tinha eram as músicas do The Maestro, do Carnival of Spirits, essas que foram feitas com big band ele também tinha, e aí ele mostrava.
Eu lembro que eu levei uma fitinha, copiava de fita para fita dele. Porque na época não tinha nada, não tinha internet. Eu comprei o vinil do The Maestro dois anos depois em um sebo, mas era difícil achar as coisas então essa fitinha que era a minha referência, nessa fitinha tinha o The Maestro e o Carnival of Spirits. E, com algumas partituras que a gente conseguiu xerocar, por que era muito caro em Campos do Jordão o xerox, a gente conseguiu xerocar umas quatro músicas. E aí quando eu voltei para São Paulo, depois de um ano, eu comecei a dar aula na [Faculdade] Santa Marcelina. E aí uma das coisas que eu comecei a fazer na prática era fazer versões. Então aquele April Child, tem uma primeira versão que eu fiz que era para a Mônica Salmaso, o [Fernando] Hashimoto, o [Sérgio] Kafejian tocando essa música. Inclusive eu não tinha a letra em inglês, aí eu emprestei a fitinha para a Mônica para ela transcrever a letra, foi muito divertido.
E depois quando eu fiz a Big da Santa também comecei a introduzir os arranjos, aqueles que eu tinha, digitalizou [...]. A Big da Santa começou em 2001, o show do Ouro Negro é de 2000. Então mesmo assim, mesmo já começando uma [...] foi quando começou, o que eu chamo, de uma revitalização do Moacir, que foi a partir do Ouro Negro quando fizeram o CD, e depois as partituras. Então mesmo nessa época, as partituras não eram tão acessíveis. Eu imagino que a Big da Santa deva ter sido a primeira a ter tocado Moacir, esses arranjos pelo menos. Depois da [Banda] Savana, porque a Savana fez o programa, foi a banda que tocou no [Projeto] Arranjadores. E depois começou a se espalhar, apareceu o pessoal do [Projeto] Coisa Fina, vários grupos tocando. Aí editou o Coisas, transcreveu. Então eu espero que as transcrições, de repente, tenham a mesma vida longa. Foi essa mesma contribuição de montar esse acervo, de agregar com todo esse
trabalho que já vem sendo feito e em um campo também desconhecido. Assim como o Moacir era desconhecido, esse campo das trilhas é um campo super desconhecido, claro, sabe-se que ele fez, conhece-se um pouco. E aí entra nesse nível de detalhe, que aí você está indo lá, está transcrevendo, está trazendo à luz essa música. Então acho que a contribuição que esse trabalho tem se soma a esse esforço de tentar montar esse "Acervo Moacir Santos", o que o Moacir fez, que é bastante coisa. Ele tinha uma visão muito pessoal, muito interessante, sobre o porquê ele fazia música, o que a música significava para ele, e aí nesse sentido as composições são o reflexo desse ponto de vista.
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WYNTON MARSALIS
Depoimento transcrito de uma entrevista telefônica realizada por Ronaldo Evangelista no dia 5 de março de 2015 pouco antes de sua passagem pelo Brasil, na turnê pela América do Sul.
Conheço a música de Moacir Santos há muito tempo. Eu gravei em um álbum com Mario Adnet [Choros & Alegria, 2005], toquei em uma música, gravamos no Brasil alguns anos atrás. Em 2014, fizemos arranjos de suas músicas para a Jazz at Lincoln Center Orchestra. Há alguns meses fizemos um show inteiro dedicado à obra de Moacir, em nossa casa em Nova York, na House of Swing [com o nome "O Duke Ellington Brasileiro"]. Transmitimos o show ao vivo e muita gente escreveu do Brasil dizendo que tinha gostado.
A internet é ótima: aprendi muito, muita gente mandou informações sobre músicas, dizendo coisas como "leia isso aqui" ou "você tem que conhecer essa música". Em apresentação no Brasil em 2015, a Orquestra também apresentou ao vivo as músicas "Coisa nº 8", "Coisa nº 5" e "Coisa nº 2". Posso dizer que o que me encantou na música de Moacir foi sua habilidade como compositor, a profundidade da alma e sentimento de sua música, a perspicácia de sua obra. E o engajamento espiritual, sua música é muito cativante. Procuramos sempre apresentar ao vivo, músicos de jazz adoram tocar música brasileira.
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MOACIR SANTOS JR.
Tradução de depoimento textual enviado por e-mail para Lucas Zangirolami Bonetti, escrito em 23 de maio de 2015 [Pasadena, Califórnia - EUA].
Quando criança eu senti que algo especial existia observando meu pai, e desde minha admiração juvenil eu quero ser como ele. Cedo eu percebi seu talento musical superior; grande discernimento, ele tocava bem vários instrumentos quando adolescente. Ele foi um sábio professor e mentor; criador de ritmos únicos, compôs música de qualidade para o universo. Ele foi um bom pai, e meu amigo. Na realidade ele estabeleceu um parâmetro alto para eu seguir; já que ele se tornou órfão aos três anos de idade. Ele é minha estrela!
ZÉ NOGUEIRA
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti por Skype no dia 24 de agosto de 2015 [Rio de Janeiro, RJ - Brasil].
Eu descobri o Moacir por acaso, porque eu era aficionado por procurar discos na famosa e extinta Modern Sound no início dos anos 1970, [...] eu nunca tinha ouvido falar do Moacir Santos, e eu achei um disco dele que foi, na verdade, o último disco da Blue Note, o Carnival of Spirits. [...] eu me apaixonei por esse disco e fui procurando os outros [...], eu conheci o Moacir assim, fui colecionando os discos dele como um fã.
[...] desde 1980 eu tocava com a banda do Djavan, a banda Sururu de Capote, [...] e em 1982 a gente foi gravar em Los Angeles o disco Luz. Aí eu falei “Djavan, a gente tem que procurar o Moacir Santos lá em Los Angeles, você tem que chamar ele para fazer um arranjo”.
Ele chamou e o Moacir fez um arranjo maravilhoso para a música “Capim”, que na verdade é uma música dentro da música. [...] A gente passou muito tempo lá [em Los Angeles], a gente deu uma convivida com o Moacir, fomos comer uma feijoada na casa dele. [...] O meu segundo contato com o Moacir foi ainda mais interessante, em 1985, em uma turnê do Djavan a gente tocou em Nova Iorque em um festival de jazz, [...] e a gente voltou com uma ideia de montar um festival de jazz no Brasil. Foi quando surgiu o Free Jazz Festival, desde então eu sou curador dos festivais, que foram mudando de nome. [...] para a primeira noite do primeiro Free Jazz a gente teve uma ideia de colocar dois nomes importantes para a música brasileira, um era o Radamés Gnattali e outro era o Moacir Santos. Aí o Moacir falou “eu quero tocar com o Luizão Maia, com o Wilson das Neves e vou levar o meu pianista, que é o Frank Zottoli, aí você monta o resto da banda”.
Eu montei os sopros, ele queria três sopros, eu fui um deles e chamei o Bidinho e o Zé Carlos, chamei o Rique Pantoja também para tocar teclado e dois percussionistas, o Café e o Marçal. [...] essa experiência foi espetacular, tocar com o Moacir Santos, foi muito emocionante!
O Moacir, eu acredito que ele foi um músico que veio ao mundo com essa música dele, [...] é muito diferente de tudo. [...] Mesmo os choros, tinham um formato de choro mas tinham sempre alguma coisa um pouco diferente, ele tinha uma coisa muito própria desde muito cedo. [...] Ele era um cara minucioso e com uma profundidade musical a ponto de quando você conversava com ele, parecia que ele falava de tudo menos de música.
[...] eu nunca vi o Ganga Zumba, eu nunca vi O Beijo, eu nunca vi o Seara Vermelha, eu nunca vi nenhum dos filmes que tem música do Moacir. Para mim, era uma lacuna, uma coisa que faltava [...], eu acho que você pegou uma área bacana porque ninguém nunca mexeu com isso, até porque falar do Moacir é uma coisa recente, a quinze anos atrás ninguém sabia quem ele era.
[...] o Moacir comentou várias coisas [sobre as trilhas] comigo e com o Mario na época que a gente estava gravando o Ouro Negro, falou muito do Amor no Pacífico. Agora dos filmes mais antigos não, até porque já era um passado para ele, até porque a gente conviveu mais com ele depois de um derrame. A partir de 1995 ele já não tocava mais e tinha alguma dificuldade de fala. A gente tentou uma vez conversar com ele sobre a época do ghostwriting, mas ele só ria e não falava nada.
Muitos músicos se envolveram com a música do Moacir Santos depois do que a gente fez, [...] desse ponto de vista, eu acho que um site falando sobre a música de cinema do Moacir vai ser muito bacana para as pessoas que curtem música e que são estudiosos do Moacir, [...] ou que seguem a carreira do Moacir como curiosidade.
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NEY CARRASCO
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti no dia 21 de julho de 2015 na Secretaria Municipal de Cultura de Campinas [Campinas, SP - Brasil].
Eu conheci o trabalho do Moacir Santos como músico mesmo, e como espectador, na minha adolescência e na juventude. Sempre me causou um certo estranhamento ele não ser um músico mais conhecido no Brasil, pela importância e pela qualidade da obra dele. Eu acho que isso se dá em grande parte pelo fato dele ter se afastado, ter ido morar nos Estados Unidos, e se afastado do mercado brasileiro naquele período em que houve uma efervescência da música brasileira, principalmente na canção, mas também na música instrumental dos anos 1960 em diante.
Mas era um conhecimento superficial, e realmente o que me levou a conhecer melhor a obra do Moacir Santos foi trabalhar com o Lucas Bonetti, que foi meu orientando de mestrado e fez uma dissertação de mestrado sobre o trabalho do Moacir Santos com as trilhas para filmes. Para mim foi uma descoberta mesmo, porque como eu falei, eu conheci o Moacir Santos como compositor, arranjador, e a obra dele, nos poucos discos que ele deixou para nós. Mas eu não fazia ideia, eu, estudioso das trilhas musicais de filmes, eu não fazia ideia da importância do Moacir Santos enquanto músico de cinema, compositor de cinema. E é impressionante você ver como a linguagem dele se adapta bem ao audiovisual e como ele conduz bem as trilhas de filmes que ele faz, então, foi um grande prazer para mim orientar esse trabalho, e também é um grande prazer ver
aquilo que todos nós esperamos na vida acadêmica: que o trabalho deixe os muros da universidade e ganhe o mundo, ganhe o público. Então quando nós estudamos um compositor como o Moacir Santos, nós estudamos para colocá-lo a público, para que as pessoas ouçam mais, para que as pessoas tenham mais conhecimento sobre o trabalho dele, sobre a obra dele. Então, a partir do momento que esse trabalho, que é uma dissertação de mestrado, se torna um projeto levado a público, com apresentação dos filmes, e com uma discussão pública, fora da academia, do trabalho do Moacir Santos, com certeza isso vai contribuir para um maior conhecimento da obra dele pelo público, até para um certo resgate, hoje em dia, do nome dele que como eu falei, não ganhou a importância e o conhecimento do público brasileiro que deveria ter tido em sua época.
Então é um resgate do Moacir Santos, é até uma certa dívida que nós temos para com ele, com a memória dele, levar esse trabalho a público, exibi-lo e fazer com que as pessoas conheçam mais, se envolvam mais, e aproveitem, usufruam da obra desse grande compositor brasileiro que foi o Moacir Santos.
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NAILOR AZEVEDO - "PROVETA"
Depoimento transcrito de entrevista realizada por Lucas Zangirolami Bonetti no dia 25 de maio de 2015 no bairro da Bela Vista [São Paulo, SP - Brasil].
Eu estava aqui em São Paulo e ouvi o disco Maestro, do Moacir Santos, isso foi em 1984, 1985. Nós morávamos em uma república, e a gente estudava música, tinha lá quatro ou cinco músicos, amigos. E foi o Cacá [Malaquias] que apareceu com muita coisa bonita naquela época, ele tinha já uma formação musical muito bonita e muito sensível. E um dia a gente conversando e ele disse: "pô bicho, você precisa ouvir esse disco aqui"! Eu estava chegando de Leme, e minhas informações de Leme ainda eram informações básicas. Músicos que vem de bandas, tocando aquelas coisas: as valsas, os dobrados, os choros [...], mas eu já ouvia algumas coisas com o meu pai sim, de outros saxofonistas de fora: Mancini, enfim, [...] Gershwin, uma série de informações.
Quando eu vim a São Paulo eu conheci um mundo diferente, já de pessoas de nome já internacionalizados, e um desses nomes era o Moacir Santos. Puxa vida, eu andava com aquela fitinha minha direto! Tinha duas fitas que eu ouvia muito: uma era do Moacir Santos e outra era do Thad Jones, que eu achava um som fantástico. E a do Moacir Santos me chamava atenção porque tinha ali uma identidade, e a nossa geração estava precisando muito disso. A nossa geração de 1980 precisava muito de uma identidade, a gente não tinha muita referência aqui no Brasil. Tinha outras orquestras, tinha a Tabajara, que era uma referência, é ainda uma referência. As orquestras aqui no interior de São Paulo e as do Rio [de Janeiro], e as do Nordeste também. Então a gente tinha essa referência, não tinha muito repertório, era muito difícil conseguir partitura, era muito difícil! Nada se conseguia, você tinha que ter sorte de encontrar uns cadernos ou alguém que tivesse anotado ou escrito [...] e encontrar essas pessoas.
E o Moacir já estava morando fora nessa época e esse disco, Maestro, deu uma mexida com todos nós jovens da época. A gente não tinha a menor ideia do que ia acontecer com nossas vidas, mas assim, aquilo foi surpreendente. Então o meu primeiro contato foi esse, aqui na Bela Vista ouvindo o Maestro. E uma das primeiras músicas que eu toquei foi o "Nanã", em um arranjo do maestro Branco. Passaram-se muitos anos e a gente ouvia [...]. A gente viajava para tudo quanto é lado e colocava lá um [...], não tinha CD [...], fitinha, walkman, colocava o fonezinho e ficava ouvindo, para entender aquela sonoridade, e era muito diferente, muito! E ainda é muito diferente, ainda é muito humano e espirituoso. A história dele é maravilhosa.
Depois, acho que foi em 2001, veio a história da produção do Mario Adnet com o Zé Nogueira. E aí a gente veio a finalmente se encontrar para fazer esse trabalho.
Mas, antes disso, me lembrei, em 1994, eu encontrei nosso querido mestre Moacir em Campos do Jordão. Eu fui lá, e eu dava aula lá [no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão] também e eu era assistente do [Roberto] Sion. A gente dirigia lá uma big band, era uma festa! A gente ia lá e tocava de madrugada naqueles lugares bacanas que tem lá, e um dia o Moacir apareceu, isso em 1994. O Sizão [Machado] estava lá, e ele falou: "Proveta, vamos fazer uma homenagem para o Moacir? Ele está aí"! Eu falei "é mesmo? Então está legal, o que que a gente vai tocar"? Ele falou: "tem uma composição dele, um tema, que ele fez em homenagem ao Stan Getz, chama "Stanats"". Ele gosta de tocar isso no contrabaixo, um apaixonado. A história dele é que ele estava em um apartamento lá nos Estados Unidos com o Moacir, e o Moacir escrevendo essa música, compondo no piano. O cara trouxe a partitura fresquinha, ele falou: "olha, leva para vocês tocarem"! E aí a gente estava lá em Campos do Jordão e eu ganhei esse presente.
A gente não faz ideia, né? [...] estavam lá: o [Walmir] Gil, trompete, Sizão, Nenê de batera, Radegundes [Feitosa], trombonista, [Toninho] Carrasqueira, na flauta, o Sizão, de baixo, e eu acho, não tenho certeza, acho que o André Mehmari estava junto com a gente tocando piano! Era um timaço! E isso eu estou falando de 1994, estou falando a vinte e um anos. E aquele frio danado, a gente escrevendo [...] fiz o arranjo, e tocamos para ele. Ele estava sentado em uma cadeira em um lugar, e chegamos lá: "ô maestro, viemos fazer uma homenagem para o senhor, tocar". Aí ele falou: "pô, mas eu estou muito lisonjeado". E a gente tocou aquele arranjo para ele, lá em Campos do Jordão em 1994. E aí, enfim, fiz uma adaptação [...] voltamos a tocar essa composição na Banda Mantiqueira agora e eu quero ver se eu gravo. Simplesmente porque foi um arranjo que eu fiz junto com o Sizão e [...], são esses prêmios que você encontra [...]. Nunca vou esquecer, que eu passei em uma sala e ele
E eu estava na porta, eu não entrei, fiquei na porta ouvindo. Ele falou, explicando para um estudante: "se você colocar essa nota aqui assim, pode ficar bom, mas se você colocar essa daqui o sabor é diferente. Tem um outro gosto". Eu falei, "nossa"! Eu não sabia, mas música é muito parecido com culinária, [...] as misturas. Então eu gostei do jeito que ele falou, nunca mais esqueci. Foi a melhor aula de harmonia que eu tive na minha vida, ouvindo o cara falar em comida. Eu falei, "puxa, dá para misturar". Depois eu fui estudar com professores maravilhosos, aprendi muita coisa depois.
Em 2001, depois, eu viria a gravar o Ouro Negro, e logo depois, em 2005, a gente veio a gravar o Choros & Alegria, com o Mario Adnet também e o Zé Nogueira. E outros músicos "da pesada" que gravaram nesse CD, foi uma experiência fabulosa.
Eu acho que a gente está sempre aprendendo, todo dia você está aprendendo coisas. Eu acho que a gente olha para toda essa história do Moacir e se emociona porque não é uma pessoa comum, se é que existe essa palavra, não sei.
[...] você entende a origem mais profunda daquele ser. Porque as poucas vezes que eu tive a oportunidade de sentar ao lado dele, perguntar alguma coisa e ele falar. Assim, ele nunca me falou nada com propriedade, dizendo que ele conhecia isso, conhecia aquilo, [...], mas porque ele já era o conhecimento em pessoa. Ele não precisava explicar nada, quando ele escrevia soava bonito, soava gente, soava humanidade. Então, quando eu ouvi essas trilhas que a gente está já a uns três, quatro meses ouvindo, analisando e cuidando com todo carinho do mundo, porque era assim que ele cuidava da música dele. Nesse momento eu percebi uma coisa muito importante: o quanto ele colocou da história dele nessas trilhas. Então, ouvindo todas as trilhas dele, me lembro da minha infância ouvindo as bandas: ouvindo os trombones, ouvindo os trompetes, ouvindo os clarinetes, o bombo, a caixa, [...] me veio na cabeça essas coisas. [...]. Aí me vem a história que eu convivi com o Cacá Malaquias, tinha o frevo ali, tinha maracatu, tinha os ritmos dele, junto
com o urbano, junto com as pessoas. E não com o urbano que a gente conhece de falar "olha, aquela é uma orquestra sinfônica", não é isso! Não, ele convivia com os músicos que trabalhavam dentro dessa orquestra sinfônica e esse é o mais importante. Então quando você ouve essas gravações, é isso que me vem em mente. Eu falei "nossa, que experiência sensacional", você vê a música misturada com "terra". Não é uma música super controlada, que alguém manda naquilo, que alguém tem posse daquilo. Não! Essa é uma música viva, que anda, que é feita de gente. Aí você entende o porquê que o cara fez a trilha sonora [...] têm pessoas que olham para música e veem dentro dela pessoas tocando. É sensacional, esses meses para mim foi uma aula que eu tive. Tudo que é informação que vem de forma humana, tudo que vem feito, pensado em forma de doação. Pessoas que se dedicaram, não exatamente a música como profissão, mas a quem mora dentro dessa profissão. Existe dentro dessa casinha chamada música algumas pessoas, gente, e existem pessoas que cuidam dessas pessoas dentro dessa profissão.
O Moacir foi um deles, que você conta na mão, no planeta. Ele ficou famoso porque ele cuidou de muita gente, é isso que aconteceu comigo e é isso que aconteceu com muitos outros músicos que tiveram a chance de estudar com ele. Então assim, é um material muito importante para essa geração que está chegando, para experimentar, ouvir e principalmente para crescer, acho que no sentido de entender a música como algo mais orgânico e menos plástico. Saber que as pessoas precisam disso, por uma simples questão: a evolução não para, a gente melhora. A cada dia a gente tem que melhorar, e existem pessoas que fazem a diferença na nossa vida. A música do Moacir faz a diferença na vida das pessoas. Então, para quem vai pegar um material desse, ouvir e ver. Essa pessoa vai crescer, vai ter a oportunidade de crescer muito mais, melhorar muito mais do que a gente imagina. Porque é para isso que a gente faz, só nesses quatro meses aqui eu melhorei, e ouvi muitas coisas, falei "nossa, que bonito isso". Isso é uma semente. Então você planta mais coisas do Moacir.
Quer dizer, eu não tenho que ficar falando "isso é legal", não é disso que a gente está falando. A gente está falando de uma pessoa que olha para outros com carinho, com cuidado, e faz uma diferença fundamental para que essa pessoa tenha a oportunidade também de crescer. Então esse material vai estar disponibilizado logo. Eu acho que isso á mais um presente do Moacir. Ele falava que "antes de você tocar uma nota, você tem que cozinhar bem ela", é o jeito que ele falava. Então é isso, acho que a gente está nesse processo aqui de preparar e se maturar. Está saindo um material com muito gosto, com sabor, com muita diversidade, com muita informação. Então eu acho que as pessoas [...] tenham a mesma sorte que eu tive, de mais uma vez estar perto do Moacir, que faz a diferença para o resto das nossas vidas. Esse é um trabalho muito bonito, muito nobre. Acho que a gente, de alguma forma, a gente também é escolhido para fazer alguma coisa boa na nossa vida. Então acho que o Moacir deu esse presente para a gente de novo, e a gente tem que repassar para as pessoas, com todo o cuidado do mundo. Que ele continue iluminando a gente. Vou falar como eles falavam: "a benção Maestro".
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> Edson Natale
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> Lucas Zangirolami Bonetti
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referências externas e futuro da pesquisa
PESQUISA
créditos e agradecimentos
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Patrocínio:
Coordenação e produção Itaú Cultural:
Assessoria jurídica Itaú Cultural:
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Agradecimentos:
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Lucas Zangirolami Bonetti
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Glaucy Tudda, Tânia Rodrigues, Edson Natale, André Judice
Alexandre Pegorato
Lucas Zangirolami Bonetti
Nailor Azevedo - "Proveta"
André Mehmari [revisão musical geral]
Nailor Azevedo - "Proveta" [revisão de sopros]
Ari Colares [revisão de percussão popular]
Fernando Hashimoto [revisão de percussão sinfônica]
Fernando Corrêa [revisão de violão, guitarra e contrabaixo]
Paulo Celso Moura [revisão de voz]
Sérgio Schreiber e Marisa Silveira [revisão de cordas arcadas]
Douglas Berti [revisão de piano, acordeom e bandoneón]
Lucas Zangirolami Bonetti
LPG Produções Gráficas
Lucas Zangirolami Bonetti
Ronaldo Evangelista
Edson Natale
Andrea Ernest Dias
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Moacir Santos Jr.
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Zé Nogueira
Atelier das Palavras
Lucas Zangirolami Bonetti
Sara Kim
Marianna Kamiya Gouveia
Rose Zangirolami
Acervo pessoal da família Santos
Guto Costa
Rose Zangirolami
FAPESP [processos 2012/11195-4, 2013/23992-9 e 2015/03111-3], Itaú Cultural, Instituto de Artes da UNICAMP,
Marianna Kamiya Gouveia, Gilberto Bonetti, Rose Zangirolami,
Moacir Santos Jr., Andrea Ernest Dias, Ney Carrasco, Paulo Tiné,
Flávio Ramos Tambellini, Regina Werneck, Adriana Vendramini [Copyrights Consultoria], Carlos Diegues, Fátima Fonseca [Luz Mágica Produções], Ruy Guerra, Nei Lopes, Sony ATV, Sara Kim, Andre Checchia Antonietti, Daniel Tápia, Renan Paiva Chaves, Lucas Brogiolo, Ivan Eiji Simurra, Marcos de Luca, Bárbara Ianelli, Randal Johnson, Paul Smith, Mark Levine, Sanifu Hall, Dean Christopher, Ray Pizzi, Patrick McLaughlin, Rique Pantoja, Sergio Mielniczenko, Schuyler Dunlap Whelden.
As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a visão da FAPESP.
créditos adicionais - transcrições e revisões
As partituras foram transcritas ao longo de oito meses, durante a pesquisa acadêmica. Posteriormente, mais seis meses foram necessários para que todas elas fossem submetidas a minuciosas revisões de importantes músicos, cada um ficando responsável por um instrumento ou família de instrumentos. Por fim, o material passou por uma revisão geral e pelo processo de diagramação, de forma a disponibilizar o conteúdo da melhor forma possível.
Lucas Zangirolami Bonetti [transcrição geral]
Lucas Zangirolami Bonetti é pós-doutorando na USP, com projeto sobre Simetria na obra de Moacir Santos. É doutor e mestre em música pela UNICAMP (ambos com financiamento da FAPESP), tendo estudado a obra composicional de Moacir Santos por meio da análise de suas trilhas musicais. Com essa pesquisa, já apresentou trabalhos em congressos por vários estados do Brasil e também no exterior. Entre 2015 e 2016, realizou uma extensa pesquisa de campo na Califórnia, atuando como Visiting Graduate Researcher na UCLA. Integrou a Orquestra Jovem Tom Jobim em 2011 e a Big Band da Santa entre 2009 e 2010, bem como mantém seus trabalhos autorais.
Atualmente é professor de teoria/percepção, violão, guitarra e prática de conjunto no Núcleo de Música da Prefeitura de Barueri. No Colégio Santa Cruz, é professor e idealizador da disciplina Ouvindo a(s) Música(s) Popular(es) do Brasil, eletiva disciplinar do 3º ano do Ensino Médio. Também atuou como professor de harmonia e monografia no curso de pós-graduação em Trilha Sonora da Anhembi Morumbi.
André Mehmari [revisão musical geral]
Pianista, arranjador, compositor e multi-instrumentista. Premiado tanto na área erudita [Nascente-USP, Concurso Camargo Guarnieri e Prêmio Carlos Gomes] quanto popular [Visa, Nascente-USP], André já teve suas composições e arranjos tocados por alguns dos mais expressivos grupos orquestrais e de câmara brasileiros, entre eles OSESP, OSB, Sujeito a Guincho e Quinteto Villa-Lobos. Como instrumentista já atuou ao lado de Milton Nascimento, Guinga, Mônica Salmaso, Toninho Horta, entre muitos outros nomes da música popular brasileira. Além disso, gravou Contínua Amizade, com Hamilton de Holanda; De Árvores e Valsas...; Miramari, com Gabriele Mirabassi; Nonada, indicado ao Grammy Latino em 2008; e Afetos.
Nailor Azevedo - "Proveta" [transcrições adicionais e revisor de sopros]
Iniciou sua carreira profissional no final dos anos 1970, em São Paulo, mas tocava e convivia com a música desde a infância. Integrou a orquestra do maestro Sylvio Mazzucca e, ao longo de sua trajetória, atuou em shows e gravações com vários artistas brasileiros e internacionais, de diversos estilos e projeções. É líder da Banda Mantiqueira, grupo instrumental com o qual lançou os discos Aldeia [1996], indicado ao Grammy em 1998 na categoria Jazz Latino; Bixiga [2000], Terra Amantiqueira [2005]; além de três discos em parceria com a OSESP. É diretor artístico da Escola do Auditório Ibirapuera e regente da orquestra Furiosa do Auditório.
Ari Colares [revisão de percussão popular]
Músico e educador especializado em percussão e ritmos brasileiros. Atuante no Brasil e exterior, lecionando ou tocando com importantes nomes da música. Tendo já atuado com Naná Vasconcelos, Egberto Gismonti, Monica Salmaso, Zizi Possi, Ceumar, dentre outros. Participa de diversos projetos com o pianista Benjamim Taubkin, destacando-se Clareira e Al Qantara, com quem tem viajado para diversos países.
Fernando Hashimoto [revisão de percussão sinfônica]
Professor de percussão e rítmica da UNICAMP desde 2001, é fundador e diretor do GRUPU - Grupo de Percussão da UNICAMP. Fernando é doutor em percussão pela CUNY [bolsista CAPES/Fulbright], além de ser bacharel e mestre em música pela UNICAMP. Atuou como timpanista solista da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas e, como solista e recitalista, já ministrou clínicas e recitais em diversas universidades e festivais internacionais.
Fernando Corrêa [revisão de violão, guitarra e contrabaixo]
Guitarrista e violonista, possui graduação e mestrado na Kunst Universitat in Graz [Áustria]. É professor de guitarra na FASM desde 2006 e atua como guitarrista da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo desde 2000. Gravou e lançou diversos discos: Em Contraste [1996], Marea [1996], Fernando Corrêa [2002] e Dez Arranjos [2012]. É autor de uma série de livros didáticos: Improvisação para guitarra e outros instrumentos [2004], Brazilian Play-Along [Ed. Free Note, 2006], Estudo rítmico sobre Coltrane [Ed. Som, 2010] e Guitarra básico 1 [Projeto Guri, 2011].
Paulo Celso Moura [revisão de voz]
Professor de Regência Coral do Instituto de Artes da UNESP [Campus São Paulo] e regente do Coro Juvenil da Fundação OSESP, onde também ministra cursos de formação para professores da rede pública. Foi professor na FASM [Faculdade Santa Marcelina] e na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, onde atuou intensamente no processo de implantação do Plano Municipal de Cultura da cidade.
Sérgio Schreiber [revisão de cordas arcadas]
Bacharel em violoncelo. Foi membro da OSESP [Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo] entre 1989 e 1994. É membro da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo desde 1997 [desde 2005 como primeiro violoncelo] e membro da OSUSP [Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo] desde 1995 [concertino de naipe].
Marisa Silveira [revisão de cordas arcadas]
Estudou no Conservatório Dramático e Musical "Dr. Carlos de Campos" de Tatuí. Foi integrante da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo de 1984 a 1994 e, desde 1994, atua na Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo como violoncelista.
Douglas Berti [revisão de piano, acordeom e bandoneón]
Compositor e regente formado pela UNESP e mestre em música na área de trilhas sonoras, pela UNICAMP. Transcreveu e digitalizou obras de compositores mineiros do período colonial, obras do Instituto de Artes da UNESP [Villani Cortes], e de importantes hinários da CNBB. Compôs trilhas sonoras para a TV [Record/SBT], atua como produtor musical em estúdios de São Paulo e, mais recentemente, como pianista da orquestra brasileira Café Latino [Pullmantur], em turnês pela Europa.