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introdução ao projeto

O site pretende levar ao público diversas transcrições, em partitura, de algumas das trilhas musicais compostas por Moacir Santos para o cinema brasileiro no início da década de 1960. Dentre os filmes que tiveram suas trilhas transcritas estão: Seara Vermelha, Ganga Zumba, Os Fuzis e O Beijo. Adicionalmente, informações textuais e imagéticas foram produzidas especialmente para complementar o conteúdo do site e formar um ponto de referência sobre o tema, de acesso universal e gratuito. As transcrições são subproduto de uma pesquisa acadêmica sobre a obra de Santos, para o audiovisual, realizada no Instituto de Artes da UNICAMP e com o financiamento da FAPESP, que agora ganha novo fôlego com o apoio do RUMOS Itaú Cultural.

Nos últimos anos a obra de Moacir Santos vem sendo progressivamente resgatada, especialmente com os esforços de Mario Adnet e Zé Nogueira em diversos projetos. Dentre outras coisas, os dois músicos lançaram três livros de partitura [Coisas, Ouro Negro e Choros & Alegria] e, como resultado, o mundo teve acesso a um material que permaneceu por muito tempo apenas na memória de poucos. Isso propiciou que a música de Moacir fosse difundida muito rapidamente e, como consequência, músicos de várias gerações se interessaram em prestar sua própria homenagem ao maestro. A partir de então diversos trabalhos acadêmicos despontaram em todo o Brasil e vários grupos musicais passaram a incluir a obra de Santos em seu repertório, com especial destaque para o livro “Moacir Santos ou Os Caminhos de um Músico Brasileiro”, de Andrea Ernest Dias.

A expressiva quantidade de trabalhos, tanto de pesquisa quanto artísticos, se deve em grande parte pela publicação das partituras de Adnet e Nogueira. Em vista disso, podemos encarar esse site como uma continuação natural desse legado de resgate da obra de Moacir, a ser concretizado por meio da disponibilização de um material musical inédito, que poderá ser usado como fonte primária em diversos projetos futuros, além da contribuição para o resgate e sedimentação da memória cultural brasileira.

biografia de Moacir Santos

Moacir Santos nasceu no rincão de Flores do Pajeú, Pernambuco, em 1926. De pequeno, já liderava a bandinha de crianças que fazia música batendo latas pelas ruas de terra do sertão. Por volta dos dez anos, envolveu-se com a Banda Marcial que tocava na igreja da cidade e aprendeu a tocar instrumentos de trompete a violão, de bateria a banjo, até firmar-se no clarinete.

Depois de perder a família ainda muito jovem foi adotado pelos Lúcios, família de brancos, poucas décadas depois da abolição. Aos 14 anos, cansado da violência doméstica que sofria, fugiu e viajou sozinho por dezenas de cidades atravessando Pernambuco, Paraíba, Ceará, Bahia, tocando em todo tipo de bandas, de coretos, de fábricas, militares, chegando até a integrar a caravana de um circo.

Quando passou por Salvador, no período da Segunda Guerra, em 1941, teve contato com o jazz tipicamente americano e pouco depois assumiu também o saxofone. Ainda antes dos 20 anos, após a passagem pela Banda da Polícia Militar de João Pessoa, ingressou como músico na famosa Rádio Tabajara, na Paraíba. Com a partida do maestro Severino Araújo para o Rio de Janeiro, onde fundou a Orquestra Tabajara, Moacir assumiu o posto de maestro na Rádio.

Em 1948, já casado, mudou-se para o Rio de Janeiro e entrou para o rol da Rádio Nacional, onde em pouco tempo também se tornou maestro. No Rio, passou a se dedicar profundamente ao aprendizado técnico, estudando com respeitados músicos como Guerra-Peixe, Radamés Gnattali, Claudio Santoro e Hans-Joachim Koellreutter – de quem se tornaria assistente em poucos anos.

Dedicando-se à vida de arranjador, em programas ao vivo na rádio e em discos, tornou-se conceituado a ponto de virar o professor de música de toda uma geração, que pela mesma época plantava as sementes da Bossa Nova. Entre seus alunos mais famosos estão Nara Leão, Roberto Menescal, Paulo Moura, Eumir Deodato, Sérgio Mendes, Baden Powell, João Donato e inúmeros outros.

Indicado por João Gilberto, compôs em 1962 a trilha sonora para o filme Seara Vermelha, adaptação cinematográfica do livro de Jorge Amado, lançada em 1963. No mesmo período, com a nova vocação de trilheiro encontrada, se tornou responsável pela música de filmes como Ganga Zumba, Os Fuzis, O Beijo e A Grande Cidade.

Cruzando seu profundo conhecimento técnico, com influências africanas e elementos do jazz, desenvolveu forte linguagem musical própria, que expressou em arranjos diversificados e ricos, para filmes e discos de músicos como Sérgio Mendes, Edison Machado, Elizeth Cardoso e Vinicius de Moraes.

Estudioso de música erudita passou a enumerar suas composições à moda dos "opus", mas sob o nome de Coisas – que reuniu em 1965 em álbum com mesmo nome, um dos grandes discos da música instrumental brasileira. Sua composição "Nanã" em pouco tempo tornou-se um hit do samba-jazz e ganhou incontáveis versões, instrumentais e cantadas.

Em 1967, aproveitando a boa recepção da trilha do filme Love in the Pacific, mudou-se para os EUA, se baseando no ano seguinte na Califórnia. Pela época, trabalhou como ghostwriter nas equipes de Henry Mancini e Lalo Schifrin. Na década de 1970 lançou, pela famosa gravadora Blue Note, os álbuns The Maestro [1972], Saudade [1974] e Carnival of the Spirits [1975], além de Opus 3 nº 1 [1979], pela Discovery Records.

Depois de trabalhar como compositor, arranjador, professor e músico em diversos projetos nos EUA e Brasil pelas décadas de 1980 e 1990, em 2001 encontrou o reconhecimento em seu país natal com o lançamento do CD tributo Ouro Negro. Em 2005 lançou seu último álbum, Choros & Alegria, com composições inéditas. Faleceu em 2006 aos oitenta anos.

produções audiovisuais

PERÍODO BRASILEIRO

 

produções audiovisuais

PERÍODO NORTE-AMERICANO

 

partituras das trilhas por filmes

Observações gerais, legendas e abreviações

Os filmes acima foram objeto de estudo e tiveram suas trilhas transcritas, as imagens direcionam para as transcrições de cada um deles.  Para auxiliar na compreensão acrescentamos algumas observações gerais, legendas e abreviações que podem ser acessadas a partir desta página ou das páginas individuais de cada uma das trilhas.

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